Porvir reuniu dicas a partir de experiências relatadas por professores
no Diário de Inovações que podem inspirar mudanças em outras salas de aula este
ano
O período de volta às aulas pode ser
uma boa oportunidade para rever práticas e adotar novas estratégias
pedagógicas. Sabe aquele conteúdo que os seus alunos têm dificuldade em
aprender ou até mesmo desinteresse? É possível usar novas metodologias ou
ferramentas tecnológicas para torná-lo mais atrativo e divertido. A partir de
experiências compartilhadas por professores de várias regiões do país na
seção Diário de Inovações, o Porvir reuniu
dicas para quem quer inovar neste ano letivo. São experiências que já
estão sendo colocadas em prática com bons resultados e podem inspirar mudanças
em outras salas de aula.
As ideias envolvem jogos,
dispositivos móveis, redes sociais e outras estratégias que podem ser aplicadas
em diferentes disciplinas e etapas de ensino. Confira a lista:
1- Adote novas metodologias
Experimentar novas metodologias pode ser um bom caminho para quem
pretende inovar. A professora Jorgelina Tallei, da UNILA (Universidade Federal
da Integração Latino-Americana), em Foz do Iguaçu (PR), apostou na metodologia
da sala de aula invertida para manter os alunos motivados na
disciplina de Espanhol. Enquanto eles estudavam os conteúdos em casa, por meio
de vídeos publicados no YouTube, o tempo da aula era aproveitado para
incentivar a interação e fazer pesquisas. Já o professor José Moran, um
dos fundadores da Escola do Futuro, descobriu o ensino híbrido há mais de 25 anos, combinando o
aprendizado online e offline com as suas turmas de pós-graduação na USP
(Universidade de São Paulo).
2- Explore novos espaços
O aprendizado não precisa ficar restrito ao ambiente da sala de aula. Em
Salvador (BA), para fazer uma pesquisa sobre o que os moradores achavam da
escola e quais atividades gostariam de encontrar lá, o professor Luiz André
Degaut levou os alunos para os becos e vielas do bairro Santa
Cruz. Já a professora Alessandra Calegaris Marins de Paulo, da capital
paulista, teve a ideia de fazer uma intervenção urbana com alunos do
ensino fundamental, pintando monstros divertidos em buracos nas calçadas. E para trabalhar
questões étnico raciais e fortalecer a identidade dos alunos, o professor Leno
Vidal propôs a redescoberta de uma comunidade indígena em São Paulo.
3- Trabalhe com as redes sociais
Hoje em dia, é quase impossível encontrar alguém que não faça parte de
alguma rede social. Por isso, é importante que os professores saibam utilizar
essas ferramentas a seu favor. A professora Mariana Araguaia, de Senador
Canedo (GO), melhorou a percepção que seus alunos tinham sobre
alimentação propondo atividades em um grupo do Facebook. Já Debora Machry usou o WhatsApp para incentivar a leitura sobre ciências em São
Leopoldo (RS). Pedro Satiro, por sua vez, aproveitou uma discussão
entre alunas na internet para trabalhar questões como cyberbullying e os perigos das redes sociais, em São Paulo
(SP).
4- Use exemplos do dia a dia
É muito importante que os alunos consigam aplicar aquilo que aprendem em
sala de aula. Por isso, usar exemplos do dia a dia pode ressignificar a
aprendizagem. Para explicar conceitos como movimento e velocidade média, o
professor Eduardo Nagao, de Londrina (PR), levou seus alunos ao boliche. Já a professora
Ana Angélica Santos, de Diamantina (MG), colocou a mão na massa com os alunos e assou uma pizza para explicar
frações. Por sua vez, o professor Ivan Matta, de Goiânia (GO), trabalhou as leis de Newton a partir das regras de
trânsito, como o uso do cinto de segurança.
5- Aposte nos dispositivos móveis
Com dispositivos móveis é possível desenvolver projetos criativos e
divertidos. A professora Luciana Taegtow, de Novo Hamburgo (RS), fez
um trabalho sobre selfie em que os alunos
fizeram autorretratos e criaram um livro digital. Em Picos (PI), a professora
Andréia Vitorino Marcos espalhou QR Codes pela escola para
estimular a leitura de poesia. Para ensinar sobre o continente europeu, a professora
de geografia Josi Zanette do Canto desenvolveu um aplicativo com a sua turma do nono ano em Araranguá
(SC).
6- Transforme os alunos em autores
Projetos que incentivam o protagonismo dos alunos também
trazem bons resultados. A professora Gislaine Munhoz, de São Paulo (SP),
incentivou sua turma a criar jogos com o Scratch. Já os professores
Michael Fernandes e Ana Paula Maia Silva desenvolveram um projeto de
educomunicação e transformaram os alunos em repórteres, editando materiais
em áudio, vídeo e impresso para divulgar nas redes sociais da escola da rede
municipal de São Paulo. E para transformar, literalmente, alunos em autores, o
professor Luis Junqueira apoiou adolescentes para escreverem o seu primeiro livro na Fundação
Casa, também em São Paulo.
7- Invista no teatro e em filmes
O uso de teatro como ferramenta de ensino faz com que os alunos fiquem
mais envolvidos e motivados. No Espírito Santo, a professora Stéphani Bertulani
usou a encenação para explicar a evolução tecnológica. Já em uma zona
rural de São Luís (MA), sob o comando da professora Ana Jakelline Silva, os
estudantes desenvolveram uma peça teatral para sensibilizar a comunidade quanto a
práticas sustentáveis. Filmes também têm um forte apelo
entre crianças e jovens e, aproveitando-se disso, a professora Rosângela
Queiroz, da capital paulista, desenvolveu um projeto a partir da animação brasileira “O Menino e o
Mundo”, que foi indicada ao Oscar.
8- Trabalhe questões sociais e de diversidade de forma criativa
Como trazer discussões sociais e relativas à diversidade para a sala de
aula? Fazendo um paralelo entre realidade e ficção, o professor José Souza dos
Santos apresentou obras sobre retirantes aos seus alunos do interior da
Bahia. Marlúcia da Silva montou um julgamento com a sua
turma, em Marataízes (ES), para analisar as letras de músicas do funk. Gina Vieira, de
Brasília, driblou a resistência a trabalhar questões de gênero na escola e
criou um projeto que conta história de mulheres inspiradoras. E o professor
Isaias dos Santos usou o universo digital para publicar livros digitais de seus alunos sobre personagens negros
na literatura em Campo Bom (RS).
9- Promova a empatia
Estimular que alunos se coloquem no lugar do outro e conheçam
diferentes realidades ajuda na formação socioemocional dos
estudantes. Nas aulas de Educação Física, de Campo Grande (MS), o
professor Tiago Tristão propõe atividades alternativas para que as diferentes personalidades dos alunos possibilitem novas
vivências. A professora Maria Verúcia, por sua vez, incentivou que seus alunos de
Brasília trocassem experiências culturais com estudantes de Cabo Verde por
meio de cartas.
10 – Use jogos como aliados
Por fazerem parte do universo de crianças e jovens,
os games podem ser utilizados facilmente como ferramenta de promoção
da aprendizagem. A professora Marili Bassini, Americana (SP), usou videogames para ensinar sobre períodos históricos. Já nas aulas de
artes em São Paulo (SP), a professora Sabrina Quarentani usou o Minecraft para apresentar o Impressionismo a seus alunos. No ensino
técnico em Ivinhema (MS), o professor Alex Rodrigues Machado criou um jogo de tabuleiro para ensinar
o funcionamento de uma indústria de açúcar e álcool.
por Marina Lopes / Maria Victória Oliveira
por Marina Lopes / Maria Victória Oliveira
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