sexta-feira, 28 de novembro de 2014

UNESCO: Professor é crucial na mudança tecnológica

Documento lançado nesta terça busca fomentar políticas para melhorar o acesso das escolas e as competências de docentes

Jovens de hoje já dominam celulares, computadores e tablets com enorme facilidade e têm fácil acesso a novas tecnologias, o que faz com que tenham expectativa de grandes mudanças na educação que esperam receber. Porém, essa transformação passa por investimentos muitas vezes na casa dos milhões de reais que precisam ser cuidadosamente estruturados.

Para ajudar no desenho de políticas públicas que respondam a essas questões e melhorem as condições de acesso das escolas e também as competências de docentes, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) divulgou nesta terça-feira (26), durante o seminário em parceria com a Fundação Santillana, o documento “Tecnologias para a transformação da educação: experiência de sucesso e expectativas”. O texto tem como objetivo analisar o impacto das mudanças na América Latina, os fatores de sucesso e traçar recomendações para políticos, gestores e professores. Sua elaboração é concentrada na escola para destacar o papel de cada ator (diretor, professor e aluno) como determinantes de sucesso ou fracasso de iniciativas, além de mostrar como a tecnologia possibilita mudanças pedagógicas capazes de impulsionar rendimento acadêmico.

Documento Unesco Tecnologia Educação

De antemão, deixa claro que a simples compra de computadores e tablets de última geração ou a instalação de conexão à internet via banda larga não serão nunca suficientes para conseguir replicar exemplos como ensino de ciências a partir da ciência forense (algo que já acontece no Brasil) ou programação para Arduino em um grande número de centros educativos ou de salas de aula, nem conduzirão automaticamente ao surgimento de mais desenhos inovadores de aprendizagem Segundo o texto, o desafio é garantir que esta tecnologia seja utilizada de modo eficaz para melhorar como e o quê os estudantes aprendem.

Em entrevista ao Porvir, Francesc Pedró García, diretor de política educativa da UNESCO, afirmou que é evidente que a tecnologia pode resgatar o interesse dos estudantes, pois “permite aprender de forma diferente e muito mais agradável”. O representante da UNESCO, no entanto, defende uma mudança de foco nos planos educacionais nacionais que preveem a distribuição de hardware, como computadores ou tablets. “Em vez de um laptop por aluno, estamos falando em um laptop por professor. A maioria das famílias já equipa seus filhos, e os recursos públicos devem ser destinados aqueles que não têm, não para todo mundo. As iniciativas de universalização vão ser superadas pelo tempo e os países desenvolvidos já estão deixando isso de lado”, afirma.


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Fonte: Porvir

“A minha aula rompeu as paredes da escola”

Professora de ciências e biologia utilizou plataformas digitais para passar conteúdos para alunos estudarem em casa.

Por Andréa Barreto

Sou professora de ciências e biologia das redes pública e particular da cidade do Rio de Janeiro desde 1993, mas vejo que nossos alunos estão cada vez mais apáticos em sala de aula. O desinteresse é imenso e o aprendizado fica pobre.

Ano passado (2013), percebi que meus alunos não estavam nada interessados em sala de aula, mas quando se falava em fazer alguma atividade na internet, tudo mudava. Pensando nisso, resolvi lançar mão das aulas invertidas.

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crédito: The Last Word / Fotolia.com
Eu já usava um recurso educativo que era um blog, chamado Dicas de Ciências, onde meus alunos reviam a matéria, baixavam mais exercícios e tiravam dúvidas. Porém, vi que os meninos necessitavam de outros recursos.

Então, criei cursos no Moodle, uma plataforma de aprendizagem a distância que é baseada em software livre. Nessa plataforma, eu fazia aulas que serviam de tarefa de casa. Cada aluno acessava (vale dizer que cada um tinha um perfil como nas redes sociais) e fazia a atividade. Essa tarefa consistia em vídeos, textos e exercícios. O conteúdo não havia sido dado em sala de aula. Era o primeiro contato deles com aquele tópico e eu acompanhava o desempenho de cada um on-line.

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Arquivo pessoal

Depois, em sala de aula, o que fazia era tirar as dúvidas. Eu já tinha uma amostra prévia do perfil dos alunos, e, portanto, sabia das dúvidas e dificuldades de cada um. Como um cirurgião, trabalhava na escola essas dificuldades. Em sala de aula, procurava sistematizar e aprofundar cada tópico trabalhado.

É claro que o interesse aumentou e os alunos se sentiram co-responsáveis pelo seu aprendizado. Eles mesmos propunham outras atividades dentro ou fora da sala de aula. A minha aula rompeu as paredes da escola. O desempenho aumentou, as aulas ficaram mais vivas e os meninos passaram a amar ciências e biologia.


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Fonte: Porvir