Olá, educador!
Uma das coisas que
mais empolgam quem acompanha práticas inovadoras na Educação é ver docentes
usando criativamente ferramentas do dia a dia com suas turmas. Isso mostra que,
de maneira relativamente simples, é possível inovar com o que temos à mão – e
isso inclui redes sociais, muitas vezes consideradas grandes concorrentes pela
atenção na sala. Para inspirar você a tentar algo parecido – adaptando às
necessidades e às características de seus alunos –, apresento cinco histórias
bem-sucedidas de professores que usaram Facebook, WhatsApp, Instagram e YouTube
nas aulas.
Facebook
Renascentista
O professor de
História Pedro Henrique Castro, do Colégio Pensi, no Rio de Janeiro, usou o Facebook com
as turmas do primeiro ano do Ensino Médio. Os alunos deveriam se dividir em
grupos para criar e administrar perfis de personalidades do Renascimento, como
Galileu Galilei, Leonardo da Vinci e Nicolau Maquiavel. O desafio era fazer
posts e comentários que revelassem características do período e dos próprios
personagens, mas associando tudo ao contexto tecnológico atual – o que, segundo
o professor, “atende a um dos objetivos da História, que é usar o passado para
pensar o presente”.
“Meu objetivo com o trabalho
do Renascimento no Facebook era transformar os estudantes em sujeitos do
próprio aprendizado. Muito se fala sobre essa meta final, mas é preciso método
para chegar lá. Qualquer modus operandi que eu venha a escolher observa
necessariamente três regras: (a) respeitar os saberes dos estudantes e
trazê-los para dentro da sala de aula; (b) permitir a produção de conhecimento
autônomo com participação proativa delas e deles; (c) estimular o máximo
possível os sentidos por meio da imagem ou do áudio, por exemplo. A rede social
faz um pouco de cada uma dessas coisas. É um saber que o estudante domina, uma
ferramenta na qual é artífice e uma linguagem que comporta todo tipo de
expressão audiovisual. Depois de quase um ano dessa primeira experiência, pouca
coisa sobrou de material, porém muito se construiu em suas formações.”
Para saber mais, você pode ler a entrevista que
publicamos com o professor neste link.
WhatsApp para a aula de Redação
Buscando desenvolver
a capacidade argumentativa dos alunos de uma maneira eficiente e prazerosa, o
professor Nilson Douglas Castilho, que dá aulas de redação e Língua Portuguesa
no Colégio Marista de Londrina, a 381 km de Curitiba, realizou um ótimo
experimento envolvendo o WhatsApp. O trabalho foi feito com seis
turmas do 8º e 9º anos.
“Com a ajuda da
analista de tecnologia educacional do colégio, criei um grupo de discussão no
WhatsApp para cada turma. Ali eu lançava um novo tema de atualidades a cada
quinze dias para que os alunos pudessem discorrer a respeito. Era obrigatório
que usassem pelo menos um argumento. Eles também postavam vídeos e links de
outras matérias relacionadas que enriqueciam a discussão. Depois do debate via
WhatsApp, os alunos produziam um texto sobre o tema. Tanto as discussões quanto
a escrita da redação eram feitos no contraturno. Na aula, eu selecionava alguns
comentários para discutirmos juntos. A avaliação foi contínua e envolveu o processo
como um todo, tomando como base os comentários enviados. Também trabalhamos
bastante em cima dos erros: quando algo requeria atenção, víamos isso em aula.
É importante dizer que em nenhum momento exigimos que os alunos adquirissem um
celular: escolhemos trabalhar com o WhatsApp porque todos eles já tinham
celulares e usavam o aplicativo com a autorização dos pais. Percebi que as
turmas passaram a se esforçar bem mais para escrever bons textos e o grupo
criou condições para que todos participassem mais. O WhatsApp não substitui a
participação na sala, mas expor seus argumentos por escrito antes fez com que
eles ganhassem mais confiança e estímulo para apresentar suas ideias em voz
alta na sala. E isso tudo refletiu em seu desempenho: o número de alunos em
recuperação caiu 50%.”
Tem mais sobre essa história aqui.
Instagram histórico
Eu já falei do
professor Eric Rodrigues neste post. Ele foi o criador de um sistema espetacular de
ensino híbrido na EM Emílio Carlos, no Rio de Janeiro, onde dá aula de
História. Recentemente, ele desenvolveu com sua turma do 9º ano um projeto
utilizando o Instagram. Eis o que contou para o blog:
“Já que os alunos
estão lidando com temas curriculares ligados ao século 20 na disciplina de
História, uma rede social voltada às imagens e às fotografias pareceu
extremamente válida para desenvolver um projeto que permitisse aliar pesquisa e
análise de um período histórico em que os registros visuais ganharam força.
Além disso, o fato de que os alunos deveriam procurar, baixar ou compor as
imagens para publicar em suas contas pessoais gerou uma dimensão importante de
apropriação do tema. A proposta consistiu na apresentação de imagens que
pudessem dialogar com o tema Holocausto, a ser repassada para o professor e a
turma. Era importante que os alunos buscassem conhecer um pouco mais da
realidade dura desse evento histórico a partir dos registros da época ou mesmo
criassem mosaicos, desenhos ou colagens que expressassem parte do que viveram
os judeus sob o jugo do governo nazista. Pelas postagens, essa perspectiva foi
apreendida. Utilizando a hashtag #1901holocausto e divididos em 8 grupos de
trabalho, os alunos realizaram 22 publicações que vão de imagens dos espaços
internos dos campos de concentração às pilhas de objetos pessoais deixados
pelos judeus assassinados, junto com pequenas legendas que permitiram
compreender que olhar e informações eles tinham obtido daquela pesquisa. A
conscientização e o engajamento da turma em entender e repudiar práticas como o
genocídio confirmaram a validade do projeto e as vantagens de utilizar
registros históricos por meio de uma rede social”.
Veja a produção dos alunos no link da hashtag
#1901holocausto no Instagram.
YouTube e produção audiovisual
Roseli Cordeiro
Cardoso, professora e membro da equipe técnica de Língua Portuguesa da
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, é uma das responsáveis por um
programa que treina professores da rede estadual para trabalhar obras
literárias com os alunos usando produções audiovisuais. Ela participou de um
bate-papo na Geekie para falar sobre o projeto e discutir o uso de tecnologias
simples no dia a dia da escola. O vídeo está disponível aqui e vale ser assistido. Eis o relato dela:
“O projeto Mediação e
Linguagem, criado em 2014 e em continuidade em 2015, tem por objetivo propor
para alunos e professores a transposição das obras literárias para a linguagem
do vídeo, do cinema e do podcast, por meio de orientações técnicas a distância
(no formato de videoconferência), que contribuem para o letramento digital. A
partir da formação, eles escolheram uma obra literária, que tinha sido
trabalhada em sala de aula, e a adaptaram em um roteiro para curta de animação
ou podcast (radionovela). Os trabalhos foram postados no Youtube, publicados em
blogs e exibidos em Mostras Virtuais da SEESP. O projeto foi bastante
significativo, pois com ele alunos e professores puderam anular as barreiras de
sala de aula, que muitas vezes dificultam o ensino e a aprendizagem. Desde o
momento da criação do roteiro até a finalização do audiovisual, eles se
transformaram em colaboradores, trabalhando com o objetivo de se apropriarem da
obra literária de forma prazerosa e interativa. Foi uma grande experiência
para todos!”.
Claudio Sassaki
Fonte: Revista Nova Escola
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