quarta-feira, 3 de julho de 2013

Robô permite "presença remota" de alunos doentes


Lexie Kinder resolve problemas durante a aula de matemática, ganha estrelinhas douradas da sua professora e faz piadas com seus colegas de classe na escola primária Alice Drive. Tudo isso pelo computador de casa.

Nascida com uma doença cardíaca crônica que enfraqueceu seu sistema imunológico e tornou arriscada sua frequência à escola, Lexie, 9, passou anos sendo tutorada na sua casa, em Sumter. Mas, recentemente, sua família começou a experimentar uma alternativa: um robô equipado com câmera e acesso à internet que zanza pela sala de aula e faz uma transmissão em vídeo de mão dupla entre a casa e a escola.

"Ela adorou", disse a mãe de Lexie, Cristi Kinder. O VGo, como é chamado, é controlado por Lexie pelo seu computador doméstico. Lexie vestiu o robô com fitas rosa e um saiote de bailarina e o rebatizou de Princesa VGo.

Um número pequeno --mas em rápido crescimento-- de alunos cronicamente doentes, pelo menos 50 em todo os EUA, já assiste aulas virtualmente, graças aos chamados "robôs de presença remota". Porém, a tecnologia continua sendo cara (um VGo custa US$ 6.000, além de US$ 1.200 por ano em manutenção e outros gastos) e imperfeita (quando ele perde a conexão com a internet, fica inerte e precisa ser empurrado).

Lexie Kinder, americana de 9 anos da cidade de Sumter, na Carolina do Sul, é portadora de uma doença cardíaca crônica e usa um robô equipado com uma tela e altofalantes chamado VGo para participar de aulas de maneira remota

Apesar das fantasias dos colegas de Lexie --"Quero um robô para poder passar o dia todo na cama", disse uma criança de oito anos--, esses robôs são em geral o último recurso para crianças restritas às suas casas ou a quartos hospitalares.

À medida que vídeos via web ganham proeminência como ferramenta didática, partidários da educação especial dizem que esses robôs são valiosas alternativas aos alunos que, de outra forma, não interagiriam com colegas.

"Em breve, esses robôs devem custar o preço de um laptop barato", disse Maja Mataric, professora de ciência da computação na Universidade do Sul da Califórnia. "Eles devem tornar muito mais fácil o acesso à educação para estudantes que estão convalescendo."
As crianças se adaptam à tecnologia muito mais rapidamente que os adultos e tratam a máquina como outro colega, diz ela. Em um treinamento contra incêndios numa escola do Texas, os alunos ficaram tão preocupados com o VGo que insistiram em acompanhá-lo para fora do prédio.

O VGo tem 1,20 metro, pesa 8 kg e tem o formato de um peão branco de xadrez, com uma tela de vídeo no rosto. Lexie controla seus movimentos com o mouse do seu computador. O vídeo da sala de aula aparece na sua tela de computador, e o vídeo do rosto dela aparece na tela do robô.

O robô e o computador de Lexie permitem uma comunicação de mão dupla. Lexie pode piscar as luzes do seu VGo para chamar a atenção da professora.

Desde 2007, a empresa VGo, de Nashua (em New Hampshire), vende robôs para executivos que desejam ficar de olho em seus empregados enquanto viajam e para médicos que os usam para "visitar" pacientes em diferentes hospitais. Há dois anos, a empresa percebeu que as escolas poderiam ser um novo mercado.

A maioria dos robôs é adquirida com verbas estaduais ou municipais destinadas a alunos deficientes. Em algumas escolas, os pais fizeram eventos de arrecadação ou eles mesmos compraram o robô. Em Huntsville (no Texas), autoridades educacionais adquiriram cinco VGos em 2012 e planejam mais cinco para o ano que vem.

Para Connor Flanagan, 14, de Tyngsborough (no Massachusetts), o principal benefício é a interação social. Ele não vai à escola por causa de uma rara doença pulmonar, mas continuou em contato com os amigos enquanto esperava um transplante.

"Ele passeia pelo corredor como os outros", disse sua mãe, Jennifer Flanagan. "A criançada tratou o robô como tratava Connor. Ele deslizava pela sala e você escutava: 'Ei, Connor! Oi, Connor!'"


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