Empreendedores criam sites e aplicativos de olho no público infantil.
Junto com as facilidades que tablets e smartphones trouxeram para a vida cotidiana, vieram maiores preocupações para pais e educadores com o uso da tecnologia pelas crianças. Interativos e com interface intuitiva, esses aparelhos fascinam meninos e meninas que, com poucos toques na tela, conseguem acessar qualquer conteúdo na internet e até mesmo fazer compras. E, por serem móveis, esses dispositivos dificultam a supervisão do uso pelos responsáveis.
— Agora, a criança acessa a internet na rua, no shopping, em qualquer lugar. Os pais não conseguem mais estar presentes o tempo todo, dando uma orientação direta. Isso impõe um desafio na questão da mediação — explica Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.
De acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2012, 2% das crianças entre 5 e 9 anos que acessam a internet já o fazem por tablets, sendo que a tecnologia ainda é pouco difundida no país, estando presente em apenas 4% dos lares brasileiros. Com a popularização e barateamento dos dispositivos, a tendência é que esse número cresça rapidamente.
De olho nesse público, empreendedores estão lançando sites e aplicativos.
Brasileira lança o primeiro jornal infantil diário para iPad
A start-up Press4Kids, fundada pela brasileira Lilian Holtzclaw Stern, lançou em março deste ano o “News-O-Matic”, o primeiro jornal digital diário direcionado ao público infantil. O aplicativo está disponível apenas para iPad, mas a versão para iPhone será lançada em setembro e, para Android, no fim deste ano. Uma edição brasileira também faz parte dos planos de expansão do negócio.
Com cinco edições semanais — entre segunda e sexta-feira —, a publicação trata o noticiário cotidiano de forma que crianças entre 6 e 12 anos possam compreender. Diariamente, cinco notícias são publicadas, todas com até 200 palavras e vocabulário adequado ao público infantil.
— É a fase dos porquês. Tem assuntos que são difíceis de explicar, mas as crianças querem entender — conta Lilian.
A inspiração surgiu em casa. Mãe de três filhos, Lilian conta que enfrentou uma saia curta quando seu filho mais novo, agora com 8 anos, a questionou sobre a foto do ex-ditador líbio Muamar Kadafi morto estampar todos os jornais.
— Nós enfrentamos esse dilema no atentado de Boston. Nós tínhamos que informar, mas como informar? A solução que demos foi falar sobre o caso com foco nas pessoas que ajudavam os feridos — lembra Lilian.
O “News-O-Matic” já tem mais de 19 mil downloads e foi escolhido o melhor aplicativo para ensino e aprendizado pela Associação Americana de Bibliotecas Escolares. A assinatura semanal custa US$ 1,99 e a mensal, US$ 6,99. Além do noticiário, o programa tem três jogos, também atualizados diariamente, relacionados com o conteúdo das matérias.
O Zuggi é o primeiro buscador brasileiro para crianças, uma espécie de Google com algoritmos que bloqueiam o retorno de páginas com conteúdo inadequado. A fundadora da start-up, Natália Monteiro, explica que a ferramenta é diferente dos filtros por palavras, pois o sistema entende termos com duplo sentido.
— Se a criança buscar pela palavra “melancia”, ela provavelmente está querendo saber sobre a fruta, não sobre a mulher-melancia. A inteligência artificial do sistema consegue fazer essa diferenciação — Explica Natália.
A ferramenta ainda não possui um aplicativo próprio para dispositivos móveis, mas o desenvolvimento está nos planos da empresa. Atualmente, explica Natália, o foco está na monetização. Por ser gratuito, o buscador é mantido com o apoio de instituições parceiras, mas a start-up negocia contratos com escolas e governos para a aplicação do sistema nas salas de aula.
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