sexta-feira, 16 de maio de 2014

Professores Criam Plataforma Para Escrever e Publicar Livros Gratuitamente



Projeto Latin America Open Text Books Initiative (LATIn) teve financiamento de 2 milhões de euros da União Europeia; estimativa é que 144 livros didáticos sejam publicados - por enquanto, há 12 prontos

Maria Amélia tem obra gratuita


Preocupados com uma questão que afeta principalmente alunos dos países em desenvolvimento - o alto custo dos livros didáticos para o ensino superior -, os professores da Universidade Presbiteriana Mackenzie Ismar Frango Silveira e Nizam Omar se juntaram a um grupo de docentes latino-americanos e desenvolveram uma plataforma para escrever e publicar livros gratuitamente. Já o professor de fotografia Neto Macedo, de Montes Claros, em Minas, incomodado com a linguagem técnica das publicações, escreveu sua própria apostila no Widbook, comunidade de escrita e leitura em formato de e-book.

Muitos professores adotam livros digitais em suas aulas, mas Silveira, Omar e Macedo deram um passo à frente: eles perceberam que poderiam publicar seus próprios livros sem o intermédio das editoras, sejam elas tradicionais ou digitais.

“Em muitas áreas do conhecimento, os livros são traduções e não se encaixam na realidade nacional. Alguns livros de Física, por exemplo, falam de trenós na neve. Isso é muito fora da realidade de um aluno brasileiro”, diz Silveira.

Foi tentando resolver o problema que, com professores de mais oito universidades, Silveira e Omar conseguiram um financiamento de R$  2 milhões por meio de edital da União Europeia para projetos na América Latina e começaram o Latin America Open Text Books Initiative (LATIn).

A estimativa é de que a solução resultará em 144 livros didáticos abertos - por enquanto, há 12 prontos. As obras podem ser livremente e legalmente copiadas, baixadas, impressas e distribuídas, por qualquer pessoa.

Os livros são escritos de forma colaborativa, por mais de um professor ao mesmo tempo. “Achei uma oportunidade de interagir com professores de fora do Brasil. Dividimos as tarefas e, com a Universidad Nacional de Rosario, na Argentina, desenvolvi a parte multimídia”, diz Maria Amélia Eliseo, coautora da obra A Origem das Cidades Modernas Capitalistas, escrita por docentes de dez países.

Outra característica das obras é a possibilidade de customização. “A ideia era justamente criar recursos educacionais abertos, que pudessem ser editados pelos professores”, diz Omar.

O próximo passo é a expandir o projeto para outras universidades e para o ensino básico. “Um grupo de docentes do Paraná fez contato, mas ainda precisamos adaptar a plataforma, pois os ensinos fundamental e médio têm demandas diferentes”, afirma Silveira.

Criação. Já o Widbook foi criado após o pedido do educador Marcos Eberlin, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para que Flávio Aguiar, então dono de uma agência digital na época, construísse um site onde ele pudesse escrever e publicar seu livro Fomos Planejados. Além da simples publicação, a intenção dele era que as pessoas pudessem ler e participar do processo de escrita. “Queria um livro bastante dinâmico, que eu pudesse acessar de qualquer lugar e colocar os capítulos no ar na medida em que escrevo, para que todo mundo pudesse ler”, diz.

Criada em 2012, hoje a rede tem 200 mil membros, que publicam todo tipo de obra. “Predominam os livros de ficção, mas há muitos didáticos também, grande parte feita em colaboração entre professores e alunos”, afirma Joseph Bregeiro, um dos criadores da plataforma.

“Eu encontrava muitos materiais bons, mas com linguagem complicada, mais pareciam artigos. Queria algo com uma linguagem mais acessível, em que o leitor sentisse estar participando de uma conversa”, conta Macedo, professor da Universidade Pitágoras e de workshops de fotografia.

Apesar de admitir que o livro digital ainda encontra certa resistência no meio acadêmico, os professores dizem acreditar que as ferramentas de publicação colaborativa tendem a crescer. “Estamos em um novo século, com uma conexão melhor que torna isso possível. É hora de repensarmos a nossa maneira de fazer livros”, afirma Silveira.

Participam do LATIn:

Univ. Presbiteriana Mackenzie, Escuela Superior Politécnica del Litoral (Equador), Univ. de la República (Uruguai), Univ. Nacional de Rosario (Argentina), Univ. Autónoma de Aguascalientes (México), Univ. Austral de Chile, Univ. Central de Venezuela, Univ. Católica San Pablo (Peru), Univ. del Cauca (Colômbia), Universiteit Leuven (Bélgica), Univ. de Alcalá (Espanha) e Univ. Paul Sabatier (França)

 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Conheça 7 Habilidades Tecnológicas Fundamentais Para Professores



A tecnologia, já tão presente no nosso cotidiano, deve ganhar ainda mais espaço em ambientes educacionais. Conheça as habilidades tecnológicas fundamentais que se espera dos professores.

Existem várias formas de incluir efetivamente a tecnologia 
na educação e na rotina dos educadores


A tecnologia está cada vez mais ligada às nossas atividades diárias, e você, professor, já deve ter notado a quantidade de alunos que não largam seus celulares e tablets sequer durante as aulas. No entanto, você já pensou que existem várias formas de incluir efetivamente a tecnologia na educação e na rotina dos educadores? Veja a seguir quais são elas: 

1 – Pesquisar na internet
Talvez você esteja pensando que já sabe fazer buscas e que essa é uma tarefa fácil, no entanto muitas pessoas dizem não ter conhecimento sobre técnicas de pesquisa básicas como usar palavras-chave e trechos de artigos. Usar as buscas da internet de forma eficiente colabora com a expansão de conhecimentos pessoais e a aquisição de novas informações.

2 – Noções do Pacote Office
Dominar o uso de programas como o Power-Point e o Word garantem não só um trabalho mais prático e organizado, mas também apresentações e aulas mais dinâmicas, que atraem o olhar dos alunos. Caso você não queira adquirir uma licença de softwares pagos existem outras opções, como o Google Docs.

3 – Estar disposto a acompanhar as mudanças tecnológicas
Com a tecnologia é assim: num dia você domina tudo sobre um programa ou aplicativo, no outro ele já está obsoleto. É por isso que você nunca deve se dar por satisfeito ou parar de aprender sobre as novidades tecnológicas. Tal como você provavelmente fala aos seus alunos, “busque sempre conhecimento”.

4 – Redes sociais, blogs e vídeos
As redes sociais podem ser ótimas formas de se comunicar com seus estudantes. Criar grupos para salas de aula, trocar tuítes, compartilhar fotos e postar vídeos das aulas são ações simples que tornam o aprendizado bem mais dinâmico e atraente.

5 – Aplicativos para celular
Você já deve ter percebido que é cada vez maior o número de alunos que não larga dos seus celulares nem durante as aulas. Por que, então, lutar contra isso? Como diz o ditado, “se não puder vencê-los, junte-se a eles!”: existem diversos aplicativos relacionados à disciplinas escolares que podem ser usados para melhorar a sua aula, e você pode conferir uma lista de vários deles aqui.

6 – Comunicar-se por e-mail
Fáceis, rápidos e práticos, os e-mails têm sido a melhor forma de se comunicar com estudantes e pais. Para garantir um bom uso dessa ferramenta, organize a sua caixa de entrada e separe as mensagens pessoais das profissionais. Além disso, é essencial que você saiba escrever um bom e-mail que transmita todas as informações que você deve comunicar ao destinatário.

7 – Armazenamento de arquivos online
Lembrar todos os dias de colocar um pendrive no bolso é uma tarefa bastante difícil para quem ter um cotidiano corrido, além de o risco de perdê-lo ser grande. A solução para esse problema está nas plataformas de armazenamento online, como o Google Cloud e o Dropbox, que permitem que seus usuários armazenem todo o tipo de arquivo em suas contas, podendo acessá-los a qualquer hora e em qualquer computador. Com essas ferramentas, o problema de esquecer o material da aula em casa estará com os dias contados.


Fonte: Universia

4 Formas de Fazer o Professor Querer Usar Tecnologia

Especialistas sugerem práticas que o gestor pode adotar para estimular o uso de recursos digitais entre seus docentes

08/05/14 
por Fernanda Kalena

As tecnologias estão cada vez mais presentes nas salas de aula do mundo todo, os alunos, em grande parte, são receptivos a elas, mas… e os professores? Os docentes são responsáveis por fazer a conexão dos recursos tecnológicos com os conteúdos dos currículos pedagógicos, por isso é importante que se sintam seguros e sejam preparados para usá-los.

Qual é o papel da direção e da coordenação de uma instituição de ensino nesse contexto? O que os gestores podem fazer para incentivar e otimizar o uso de das tecnologias dentro da escola? O Porvir conversou com especialistas de diferentes áreas para descobrir.


Veja algumas dicas de como estimular o uso efetivo das tecnologias por parte dos educadores no PORVIR...



Fonte: Porvir.org

terça-feira, 13 de maio de 2014

Gibis na alfabetização

Linguagem visual e características lúdicas fazem das histórias em quadrinhos bons instrumentos para a alfabetização, mas nem sempre eles foram bem vistos dentro da escola


Rodnei Corsini


As histórias em quadrinhos contribuem para despertar o interesse pela leitura e pela escrita nas crianças e para sistematizar a alfabetização. Como as HQs em geral unem palavra e imagem, elas contemplam tanto alunos que já leem fluentemente quanto os que estão iniciando, pois conseguem deduzir o significado da história observando os desenhos. A curiosidade em saber o que está escrito dentro dos balões cria o gosto pela leitura e, assim, os gibis podem ter grande eficácia nas aulas de alfabetização.

Se hoje essa visão é consagrada entre professores e pesquisadores, nem sempre foi assim. Os quadrinhos usados atualmente em sala de aula eram vistos como concorrentes dos livros de alfabetização, entendidos, portanto, como uma distração prejudicial ao aprendizado. “Os quadrinhos apareceram com mais frequência dentro da escola a partir da metade do século passado. Primeiro, porque quase não existiam. Segundo, porque havia esse preconceito contra eles”, diz Maria Angela Barbato Carneiro, professora titular do Departamento de Fundamentos da Educação e coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da Faculdade de Educação da PUC-SP.

Falta de hábito
Maria Angela acredita que, dentro da escola, os professores ainda usam predominantemente muitos materiais mais tradicionais, como é o caso do livro didático, em detrimento de outros recursos. “Penso que o professor não está habituado com outros procedimentos – como um jornal, uma revista –, e o fato de não estar habituado não lhe traz segurança”, diz. Outro ponto que pode inibir a presença das HQs na alfabetização é o entendimento de que os gibis são meros passatempos e, por isso, serem deixados de lado por conta da crença de que eles serão lidos pelas crianças em casa de todo modo.
Lucinea Rezende, professora do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR), que desenvolve e orienta trabalhos na área de formação de leitores, concorda que ainda que se tenha avançado bastante na direção de usar múltiplas formas de leitura em sala de aula, fugindo do monopólio do livro didático, ainda se está voltado predominantemente para o texto escrito. “Todos os gêneros que empregam outras linguagens entram devagarinho nas salas de aula”, diz.
Os benefícios da história em quadrinhos para a educação, em particular no ensino fundamental e na alfabetização, são oficialmente reconhecidos. As HQs fazem parte do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), que possibilita a professores e alunos o acesso a obras distribuídas em escolas públicas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) também incentivam o uso de quadrinhos e indicam que nas bibliotecas é necessário que estejam à disposição dos alunos textos dos mais variados gêneros (livros de contos, romances, jornais, quadrinhos, entre outros). O PCN lista ainda a HQ como um gênero adequado para o trabalho com a linguagem escrita.

“Alguns professores olham para a HQ e veem algo distante. Assim não têm entusiasmo, não conseguem comentar sobre aquilo com os alunos”, acredita José Felipe da Silva, professor de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – a disciplina é oferecida a diversos cursos de graduação na Universidade. Ex-professor do ensino fundamental e colecionador de HQs, Felipe da Silva afirma que os quadrinhos foram um impulso para ele mesmo se alfabetizar quando criança. Na escola em que dava aula, na rede municipal de Natal, costumava fazer exposições com revistas e bonecos dos personagens das HQs para atrair a atenção dos alunos.

Imaginação e fantasia
Luciana Begatini Silvério, professora de pós-graduação na área de educação, lembra ainda que o PCN pede que o leitor seja formado como alguém capaz de ler, compreender e interagir com a leitura – entendida não só por meio de palavras e frases, mas, também, por diferentes tipos de linguagem. Com os quadrinhos, a criança em fase de alfabetização que ainda não domina a leitura e a escrita do alfabeto consegue fazer uma leitura competente com o recurso das imagens. “Além disso, a criança precisa muito ser formada no concreto. E nas HQs, os recursos de imagens, expressões dos personagens, letras, metáforas visuais ajudam a ter maior compreensão do que ela está lendo”, afirma.
Entre os elementos que se reconhecem como mais atrativos para as crianças nas histórias em quadrinhos estão aspectos lúdicos, como cores, onomatopeias, personagens e traços. Na dissertação de mestrado de Luciana Begatini Silvério, defendida em 2012 – orientada por Lucinea Rezende, na UEL –, ela fez uma pesquisa de campo com professores e alunos da rede municipal da cidade Primeiro de Maio, no Paraná. A pesquisa não foi feita com alunos em alfabetização e, sim, com estudantes do segundo ciclo do EF. Dos 58 alunos participantes, 30 listaram as HQs entre seus gêneros de leitura preferidos. E três, apenas, afirmaram não gostar de HQs (dois deles alegaram que os quadrinhos são para serem lidos em casa).

Luciana Novello, professora do 1o ano do EF no Colégio Ofélia Fonseca, em São Paulo, destaca justamente o caráter lúdico como um dos elementos de atratividade dos quadrinhos. “As histórias em geral são divertidas, somadas ao colorido das imagens. E temos gibis com histórias bem curtas, de uma página, e para a criança ler fica uma leitura mais prazerosa”, diz. Além disso, a professora afirma que, entre seus alunos, o gibi já faz parte do cotidiano fora da escola: por isso, a familiaridade com os personagens por si só já desperta o interesse das crianças.

Os quadrinhos podem, ainda, ser trabalhados com as crianças em idade de alfabetização em relação com o brincar – como, por exemplo, uma forma de trabalhar a imaginação, o “faz de conta”. “Alguns quadrinhos fazem parte da literatura infantil, e a literatura infantil se alia à brincadeira justamente através do simbólico, da fantasia. Quando você permite que atuem a imaginação e a fantasia da criança é possível que isso faça parte das atividades lúdicas”, diz Maria Angela Barbato Carneiro.

Corrigindo a Mônica
Professor da Escola Polo Municipal Venita Ribeiro Marques, em Aral Moreira (MS), Gilson Matoso considera a HQ uma das melhores maneiras para chamar a atenção das crianças. Pós-graduado em Mídias na Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), ele costuma aliar o trabalho com os quadrinhos a datas especiais – como as festas juninas. E, no segundo ano do EF, trabalha também a gramática. Personagens conhecidos das HQs da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa, o Cebolinha troca o “R” pelo “L” e o Chico Bento tem o registro da sua fala acaipirada, com erros ortográficos. “Fazemos exercícios em que corrigimos algumas palavras dos personagens, passando para a norma culta”, diz Matoso.

Antes de o aluno desenvolver a leitura das palavras e dos desenhos em si – como personagens e cenários – há outros elementos típicos das HQs que as crianças aprendem a ler e a interpretar. “O texto está ali, não podemos ignorá-lo, mas mesmo que as palavras escritas sejam estranhas para o aluno, ele vai fazer a leitura visual­ da narrativa e vai entender que aquilo pode ser uma fala, um grito”, diz José Felipe da Silva.

A leitura do texto em si é facilitada ainda por conta do tipo de letra normalmente grafada dentro dos balões, que é a letra em bastão. Como na maior parte das escolas, a professora Luciana Novello explica que no Colégio Ofélia Fonseca a letra bastão é usada desde o ensino infantil até o primeiro ano, quando é introduzida então a letra cursiva, entre o final do primeiro ano e o segundo ano do EF.
Lucinea Rezende, da UEL, afirma que é importante ainda ter como premissa o tratamento da leitura como algo a ser construído continuamente. Ela ressalta que isso é válido não somente na alfabetização e no ensino fundamental, mas até mesmo na universidade. “Alguns estudantes gostam de ler, outros, não – ou porque não puderam ou porque não se interessaram suficientemente. Nesse caso, a gente precisa usar todos os recursos possíveis: se a criança já lê HQ, o que a escola pode fazer para a criança ler melhor, explorar outras possibilidades?”, questiona. A professora e pesquisadora defende que a escola deve trabalhar, sempre, com uma boa multiplicidade de textos, incluindo as HQs.

Além disso, Lucinea lembra que os alunos acabam desenvolvendo gostos por diferentes tipos de leitura. Por isso, a escola precisa se apropriar de todos os recursos possíveis. “Precisamos pensar ainda o que o professor está almejando quando trabalha a leitura. Quanto à HQ, por exemplo, o que se consegue ver nesse gênero literário? Pensamos na palavra, na imagem, nos personagens?”. A reflexão sobre os materiais usados pelos educadores deve levar em conta, afirma Lucinea, não somente questões da linguagem, mas também, de fundo social das narrativas. “É a partir dessa compreensão que se devem usar as HQs na alfabetização. Alfabetizar é trazer para o mundo da escrita, dos números, para que o aluno possa dialogar e interagir com o mundo”, explica.

Produção do texto
Com as HQs pode-se ainda propor a construção de histórias. “Para a produção de texto os alunos em geral gostam muito dos quadrinhos, por conta do desenho. É uma boa ferramenta para a sequência didática, em que é preciso ter um resultado final da produção deles”, diz Gilson Matoso.

Além de desenhar, pode-se tra­balhar com o texto produzido sobre histórias já feitas, com os ba­lões em branco. “Nesse caso o objetivo não é pensar em inventar a história, mas na escrita, na língua”, diz Luciana Novello, do Ofélia Fonseca. “No 1o ano, a principal ideia do uso do gibi é a aquisição de leitura e escrita. E, eventualmente, um trabalho com arte e ilustrações”, completa.

A professora afirma que os gibis são trabalhados em aula como um gênero textual. Em momentos de leitura planejada, cada aluno escolhe um exemplar para ler – seja ela leitura convencional (fluente) ou não. “Também se lê em dupla, um leitor mais fluente com outro menos fluente”, explica.

Gêneros e interdisciplinaridade
O quadrinho é um gênero em si mesmo, mas, dentro dele, há subgêneros – como romances adaptados e até reportagens em forma de HQ, o que se torna uma vantagem para apresentar outros gêneros de narrativa. “Claro que é preferível ampliar a leitura dos gêneros para outros textos, não somente os quadrinhos. Mas é importante que o professor apresente uma diversidade de gêneros de HQ”, diz José Felipe da Silva, da UFRN.
Além dos gêneros, as diferentes temáticas dos quadrinhos também são um elemento importante em sala de aula – e podem ser trabalhadas tanto com crianças em idade de alfabetização quanto com as maiores. “O foco de minha pesquisa foi buscar a interface entre HQ e a literatura, mas há outros aspectos transversais também, como noções de higiene, temas culturais e históricos”, diz Luciana Begatini Silvério.
Se na alfabetização os quadrinhos podem atrair a atenção das crianças para ler e escrever, nessa mesma fase as HQs podem servir como suporte ou tema para desenvolver outras habilidades – como adivinhas. “Existem também várias atividades que podem ser feitas com a linguagem dos quadrinhos, como noções abstratas de química. Pensamos no Asterix e na sua poção mágica, por exemplo, à qual podemos relacionar uma receita – um suco de laranja – e fazer essa brincadeira”, diz Maria Angela Barbato Carneiro, da PUC-SP.