Rafael Kato
Em entrevista, vice-presidente de
produtos Google Mario Queiroz afirma que Chromecast pode revolucionar o consumo
de vídeos online
São Paulo - Com o tamanho
de um pen drive e a promessa de revolucionar o consumo de vídeos online, o
dispositivo de streaming Chromecast chega ao Brasil no final deste mês por
estimados 199 reais, diz a INFO o brasileiro Mario Queiroz, vice-presidente de
produtos do Google.
O executivo, que é formado pela Universidade Stanford e está na empresa de
Mountain View desde 2005, explica os planos do Google para o aparelho nesta entrevista
exclusiva:
Em que Chromecast se
diferencia dos concorrentes, como TVs inteligentes, consoles de videogame e a
Apple TV e como acredita que ficará o mercado após a entrada do seu produto no
País?
Eu prefiro começar conversando
sobre como nós fizemos o design do Chromecast, que foi pensado diretamente no
usuário final. Por ter trabalhado nos primeiros smartphones Android e ter
assumido lá trás a responsabilidade pelo Google TV, nós aprendemos uma coisa
importantes: a área de smart TV precisava de uma mudança.
O Google precisava trazer mais
simplicidade para essa área de produto. Simplicidade em termos de configuração.
Muitas das smart TVs são difíceis de configurar. Nosso objetivo foi o seguinte:
o usuário precisaria levar cinco minutos ou menos do momento em que pegar a
caixa do produto até o momento em que ele estiver assistindo ao primeiro vídeo.
Ainda mais importante que isso, pensamos em desenvolver um produto com modelo
de interação que requeresse aprendizagem zero do usuário.
A melhor forma para isso foi usar
uma interface que as pessoas já conheciam: a dos smartphones. Se você for
pensar em termos de interface do usuário, a única coisa que nós do Google
introduzimos foi um botãozinho. Não foi tanto sobre como se diferenciar da
concorrência, mas qual produto será especial para o usuário.
E de alguma maneira abolir o
uso do controle remoto, não?
Exatamente. O Chromecast é uma
extensão da experiência nos aparelhos que o usuário já conhece. A nossa visão é
que o produto seja uma extensão de todo o conteúdo. Não foi que a gente quis
abolir o controle remoto, nós nem pensamos no controle remoto.
Mas como foi a criação do
produto?
A gente começou numa lousa em
branco e foi um processo de inovação interessante. Começamos do zero mesmo.
Tínhamos uma equipe experiente e tivemos a oportunidades de criar algo
greenfield, como diríamos em inglês. Foi uma espécie de startup dentro do
Google que cresceu aos poucos.
Mas como vocês enxergam o
produto no mercado?
Nós vemos vantagens enormes, como
a simplicidade e o fato de ser acessível em termos de preço. O mais importante
é a mágica colocar o conteúdo na tela grande. Na minha casa, por exemplo, eu
troco a música na Google Play Music estando na outra sala. Não preciso estar na
frente da caixa de som para isso.
Mas a nossa estratégia não é
apenas o Chromecast, mas o Google Cast, esse protocolo que definimos que faz com
que um aparelho com iOS ou Android possa mandar conteúdo para a televisão. É
por isso que temos um SDK.
Esse SDK é para os
desenvolvedores criarem seus próprios apps com a tecnologia do Google?
Exatamente. Este é o Google Cast
SDK para qualquer desenvolvedor. Se você for um desenvolvedor e possuir um app
de fotos, por exemplo, poderá colocar o SDK para que o usuário mande o conteúdo
para a televisão. Isso é que é importante, pois quanto mais desenvolvedores
mais aumenta o ecossistema.
O Chromecast é um aparelho
diminuto. No futuro ele estará embarcado em outros aparelhos? Em vez de comprar
dois produtos, a TV e o Chromecast, por exemplo, as pessoas diretamente uma TV
com Chromecast?
Essa é a ideia. É esse o
ecossistema Google Cast. Já abrimos o SDK para desenvolvedores. A gente também
falou que a tecnologia vai ser embutida em outros devices dos nossos parceiros.
O Chromecast é um dos aparelhos que tem a tecnologia do Google Cast. Existirão
outros aparelhos também.
Quais serão os parceiros de
conteúdo para o lançamento de conteúdo no Brasil?
Para o lançamento no Brasil,
vamos usar a fórmula que utilizamos nos Estados Unidos e na Europa. A fórmula
com conteúdo disponível na data do lançamento mais outro conteúdo que vem não
muito tempo depois. Primeiro com parceiros globais, como Netflix, Rdio e Vevo,
e depois parceiros locais.
Mas vocês estão conversando
com canais de televisão?
Nós estamos conversando. Eu não
vou poder falar ainda quais são, mas é o mesmo tipo de parceiro que tivemos nos
lançamentos lá fora. O bom do Chromecast é que o dono do conteúdo não tem que
criar um aplicativo novo, basta colocar o SDK do aplicativo antigo.
O Chromecast é produzido fora
do Brasil?
De inicio a produção é fora. Eu
espero que tenha um sucesso incrível no Brasil e com o volume de negócios aqui,
nosso parceiro de fabricação não teria problema em fazer aqui.
O mercado inicial do produto
me parece restrito a pessoas conectadas e que, invariavelmente, viajam ao
exterior. E o produto é, de fato, muito barato lá. Custa 35 dólares. Isso não
pode ser um problema, pois esse usuário pode ter acesso ao Chromecast com preço
em dólares e não com o preço do Brasil?
O mercado do Chromecast no Brasil
é bem maior que o mercado de pessoas que viajam para Miami e Nova York comprar
o Chromecas lá. Claro, eles podem comprar lá. E o bom do produto é que ele
funciona no mundo inteiro. Mas nós estamos fazendo a certificação do produto de
acordo com a legislação brasileira.
O tamanho desse mercado é o
tamanho do mercado de banda larga. Quando eu penso em ver filmes, eu penso em
streaming. Eu não penso mais em mídia física. Há mais TVs no mundo com entrada
HDMI do que pessoas com banda larga. O problema não é número de telas. O
problema é, realmente, o mercado de banda larga.
No futuro, qualquer pessoa no
mundo que queira ver um conteúdo vai pensar em streaming. É por isso que
estamos desenvolvendo um produto e um ecossistema para dez anos e não para um
ano apenas. É por isso que queremos entrar no Brasil o mais rápido possível,
justamente para que as pessoas que entendem e conhecem o produto ajudem no
desenvolvimento no mercado.
Nós vendemos mais do que
esperávamos nos Estados Unidos. Mas os concorrentes não pararam de vender
também. O que a gente viu foi que o mercado cresceu com o lançamento do
Chromecast. Aumentamos o tamanho da pizza. Isso foi surpreendente. Estamos
vendo isso também na Europa. A gente espera no Brasil tornar o mercado maior
também.
Com a Copa do Mundo, muitos
televisores são vendidos pelos varejistas. Há alguma estratégia para aproveitar
esse boom e vender o Chromecast?
Nossa estratégia de varejo é que
o Chromecast esteja associado aos smartphones, televisores, tablets e
computadores. Para o lançamento, estamos fazendo a associação a diferentes
produtos e temos também a possibilidade de incluir certas ofertas. Sim, ele é
vendido com televisores, mas o comprador de smartphones e tablets é aquele que
mais leva o produto para casa.
Fonte: Exame
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